Painelistas do Brasil Investment Forum (BIF) defendem o papel do Investimento Estrangeiro Direto no Brasil pós-pandemia
O Brasil Investment Forum (BIF) abriu espaço, nesta segunda-feira (31), para um debate aprofundado, com participantes de alto nível, sobre a importância do Investimento Estrangeiro Direto (IED) para o crescimento do Brasil pós-pandemia.
O cenário do debate não poderia ser mais propício: o BIF é considerado o maior evento de atração de investimentos estrangeiros da América Latina. Toda a programação do evento se dá em torno de discussões qualificadas sobre as oportunidades encontradas no Brasil e seu reposicionamento como um ator-chave da economia global.
No painel “IED: O crescimento no Brasil Pós-Pandemia: o papel do Investimento Estrangeiro Direto e a agenda de reformas” representantes do governo brasileiro, de entidades internacionais e da sociedade civil discutiram o papel dos investimentos no crescimento sustentável e equilibrado do país.
A aprovação da reforma da Previdência e os esforços do governo para acelerar a reforma tributária e as privatizações se configuram como pontos positivos para atrair cada vez mais IED. E o histórico do Brasil reflete sua capacidade de atrair o interesse estrangeiro: de acordo com a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), o país recebeu US$ 75 bilhões em investimentos externos em 2019, contra US$ 60 bilhões em 2018. Com o incremento, o Brasil passou a ocupar a quarta posição entre os principais destinos de IED no mundo.
O Diretor de Gestão Corporativa da Apex-Brasil, Roberto Escoto, moderou o painel e aproveitou para elencar o potencial do país e as medidas relacionadas à atração de investimentos. “Um dos motivos pelo qual os investidores procuram o Brasil é o tamanho do nosso mercado doméstico – 210 milhões de habitantes. Mas não apenas isso. O Brasil serve de plataforma de exportação para outros países, sobretudo latino-americanos. Então, não há dúvida que o país é importante para atrair investimentos para toda a região”, ressaltou.
Escoto destacou o marco legal do saneamento como um “exemplo de iniciativas que estão sendo tomadas para tornar o investimento mais inclusivo e mais sustentável”. Para ele, “o Brasil tem condições de absorver bilhões de dólares em saneamento, e isso, sem dúvida nenhuma, vai melhorar as condições de vida de milhões de brasileiros que não têm acesso a água potável e a esgoto”.
Por sua vez, o Secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Roberto Fendt, lembrou de instrumentos já adotados pelo governo, capazes de melhorar o ambiente de negócios e, consequentemente, o cenário de trabalho formal, a inclusão social e a adesão a normas ambientais. “As diretrizes oferecem princípios e padrões com o objetivo de melhorar padrões de conduta, abrangendo um grande número de áreas, como relações de trabalho, direitos humanos, combate à corrupção, meio ambiente, tributação e concorrência”, explicou Fendt. O secretário citou, ainda, que o governo brasileiro participa, desde 1977, do Comitê de Investimentos que funciona no âmbito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Também presente no painel, a chefe da Divisão de Investimentos da OCDE, Ana Novik, afirmou que “o Brasil tem perfil para se tornar membro da OCDE”, já que está “muito engajado em atividades que são pré-requisitos para isso, está no caminho certo”. Novik lembrou que as relações econômicas devem trazer benefícios sociais. E essa preocupação se relaciona positivamente com o IED. “Nós temos que olhar para os investimentos estrangeiros e para o potencial de crescimento do país. É muito importante aumentar o IED porque, se não tiver um investimento direto, não haverá investimento sustentável”, finalizou.
Já o Vice-Presidente de Setores e Conhecimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Benigno López, reforçou que o Brasil pode se tornar líder nessa agenda e vai dar um passo à frente ao fazer reformas importantes. E, confiante, previu que “os investimentos vão começar a vir, porque o Brasil possui tudo o necessário. Essas são oportunidades que acontecem uma vez na vida e esse é o momento”.
Investidores no Brasil
Com uma longa história de investimentos no Brasil, o general manager da Siemens Energy Brasil, Andre Clark, defendeu o Brasil como um “competidor global de destino de investimentos em inovação”. Para ele, “o conceito de IED mudou, os países competem por fundos de pensão e também pelas empresas. Não mais pelo mercado doméstico, mas pela sua projeção como plataforma exportadora de tecnologia, produtos e serviços para o planeta. Não se pensa mais em investimento direto exclusivamente para mercados locais”.
Na visão do investidor, “a inovação ocorre em rede, dentro de um ecossistema, em geral global, e cada vez mais perto de onde o problema se encontra”. Segundo Clark, “o Brasil tem escala, tem tamanho, mas é do Brasil para o planeta”.
O CEO da Bravo Motors, Eduardo Muñoz, relatou que encontrou um ambiente oportuno no país. “Nós encontramos no Brasil um ecossistema muito favorável, um mercado muito grande e um posicionamento geopolítico estratégico quase que fundamental para nossa chegada. Isso fez com que nós estejamos aqui hoje, não só com o apoio do Governo Federal e da Apex-Brasil, mas também do estado e do município. Estamos muito felizes de estar aqui”, celebrou.
Muñoz agradeceu o convite para a participação no BIF e reafirmou a escolha acertada da Bravo Motors de se instalar no Brasil. “O país está tendo abertura econômica muito importante e ataque às ineficiências da economia. Trabalhamos de mãos dadas com a Apex-Brasil”, avaliou. Ele ainda salientou que o momento é inédito em termos de produtividade e de uma nova indústria, chamada de “Indústria 4.0”, caracterizada por mudanças de matriz energética, no sistema de mobilidade e nas comunicações, entre outros. “O grande desafio que temos hoje é, justamente, como nós aproveitamos todo esse valor e essa produtividade que vai gerar trilhões de novos recursos econômicos em transformação da velha economia na nova e dos velhos trabalhos nos novos. Os desafios passam por aí. Sem sombra de dúvidas, é um momento apaixonante do mundo. A gente vai vivenciar um mundo muito diferente. Eu só espero que tomemos as decisões certas, para que seja muito melhor”, finalizou o CEO.
O BIF
O BIF é organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo Governo Federal. Essa quarta edição do fórum de investimentos ocorre, pela primeira vez, de forma online. O evento disponibiliza uma plataforma onde participantes de todo o mundo podem acessar seu conteúdo, em diferentes idiomas.
No primeiro dia do Brasil Investment Forum (BIF), palestrantes qualificados compartilharam seus conhecimentos e ajudaram a identificar desafios e oportunidades para o país. Outros três paineis foram realizados ao longo do dia, agregando debates acerca da economia global, da indústria e da energia. Para acompanhar as publicações relacionadas ao BIF, o maior evento de investimentos do Brasil, acesse o site www.brasilinvestmentforum.com.