Em debate online ocorrido no Brasil Investment Forum (BIF) 2021, palestrantes apontaram desafios e perspectivas para uma economia pós-pandemia
Uma nova economia global está em curso e com perspectivas de crescimento para o período pós-pandemia. Ela é caracterizada por novas relações de trabalho e por um olhar ainda mais atento à sustentabilidade do planeta.
A nova configuração do cenário mundial e as oportunidades e expectativas para o futuro foram debatidos por representantes do governo brasileiro, de entidades internacionais e da sociedade civil, nesta segunda-feira (31), em painel da quarta edição do Brasil Investment Forum.
No painel “O Mundo Pós-Pandemia: Riscos Sistêmicos, Desafios à Governança e o Novo Normal”, mediado pelo Secretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixador Sarquis José Buainain Sarquis, foram apontados desafios à governança e riscos sistêmicos que envolvem essa nova economia global. “É um painel que trata da economia global, da recuperação econômica, das respostas de diferentes países diante da crise que ainda vivemos”, salientou Sarquis. O embaixador lembrou, ao longo da mesa de debates, que “no caminho das reformas que escolhemos, o Brasil tem logrado manter-se entre países que mais atraem investimentos estrangeiros”.
O Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, lembrou que uma das consequências da crise causada pela pandemia da Covid-19 tem sido o questionamento da forma como as cadeias globais de valor operam. “As cadeias globais de valor foram responsáveis por tirar centenas de milhões de pessoas da linha da pobreza em países emergentes. É um tema importante, e é o que a sociedade tem demandado – que essa recuperação seja inclusiva e sustentável”, assegurou.
Campos Neto também tratou do crescimento do crédito em 2020, quando o Brasil cresceu 16% – segundo ele, o maior crescimento do mercado emergente. “Em termos de liquidez, o Banco Central liberou 15% do PIB. Em termos de capital para o sistema bancário, 20% do PIB. Foi a maior liberação de todo o mundo emergente também. E a gente olha para o mês de abril e vê que o crédito continua crescendo. E, o mais importante, a taxa de inadimplência, que todos esperavam que pudesse ser bastante alta, veio relativamente baixa até agora, bem perto das mínimas”, explicou o Presidente do Banco Central.
Os dados destacados por Campos apontam um saldo positivo para o desenvolvimento brasileiro que, de acordo com o Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, deve ser sustentável. “A função de um banco de desenvolvimento é fazer desenvolvimento sustentável, social, ambiental e econômico. A crise mostrou que não existe um deles sem os outros. Quando a gente fala de desenvolvimento, ele passa por esse equilíbrio. Não tem investimento hoje que não seja socio e ambientalmente adequado”.
A sustentabilidade também foi questão abordada pelo Presidente do Banco Central, alinhando-a com a inovação tecnológica, ambas consideradas base para o crescimento da economia. “Toda uma parte de tecnologia vem junto com a nossa agenda, que é basicamente relacionada ao tema que nós mencionamos: inclusão e sustentabilidade. Não existe nada mais inclusivo do que tecnologia e digitalização. Então, tem uma agenda forte nesse sentido, com a abertura de mercados através de tecnologia. Tivemos lançamentos como o PIX, temos projetos de regulamentação da moeda. De uma forma geral, estamos otimistas com o crescimento,com a forma como a economia está reagindo e com a possibilidade de reabertura mais forte no segundo semestre”, destacou Roberto Campos Neto.
Os resultados e esforços brasileiros apontados durante o painel evidenciam a relevância do Brasil frente ao mercado internacional. De acordo com o Vice-Presidente de Países do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Richard Martínez, “o Brasil tem muito potencial para se desenvolver no mercado externo. Nós o vemos como um país com grande potencial de produtividade. Os brasileiros estão visivelmente engajados”.
Empresas
A recuperação econômica passa por um processo vigoroso. É o que aponta a Diretora de Macroeconomia do Santander Brasil, Ana Paula Vescovi. “Há um ano, discutimos como sustentar empresas ativas para passar esse período. Hoje, estamos falando de recuperação muito rápida. É importante entender do que ela decorre: colocar incentivos e estímulos monetários para que tanto empresas pudessem fazer essa passagem, quanto as famílias também”, disse Vescovi, lembrando ainda que “há necessidade de avançar com reformas e estabilizar a macroeconomia brasileira”. E complementou: “o Brasil já aproveitou o tempo das reformas e aprovou melhorias importantes dos marcos regulatórios”.
O crescimento brasileiro tem como um dos grandes atores o agronegócio, tema levantado no painel pelo CEO Global da BRF, Lorival Luz, que fez questão de lembrar: “No Brasil, em nenhum momento, o agronegócio brasileiro deixou de produzir, de fornecer alimentos, não só para a população brasileira, mas continuou exportando e atendendo o mercado exterior. Isso é fundamental para sustentar a balança comercial brasileira”.
Brasil Investment Forum (BIF) 2021
O Brasil Investment Forum (BIF) 2021 oferece outros três painéis neste primeiro dia de evento: sobre a indústria, a energia e o Investimento Estrangeiro Direto (IED). As exposições são realizadas por palestrantes qualificados, que compartilham seus conhecimentos e ajudam a identificar oportunidades para o país. Se quiser acompanhar as publicações relacionadas aos outros debates do BIF, o maior evento de investimentos do Brasil, acesse o site www.brasilinvestmentforum.com.
O Brasil Investment Forum (BIF) – organizado pela Apex-Brasil, pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo Governo Federal – é o maior evento de atração de investimentos da América Latina. A edição de 2021, que está sendo realizada de maneira remota, reúne autoridades brasileiras e executivos de grandes empresas para debater oportunidades nos setores de infraestrutura, energia, agronegócios, tecnologia e inovação.